segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

La Nemica - 12 de Espadas


O título é bastante sugestivo, e ela ainda tem um companheiro no baralho: il Nemico, o Inimigo. No entanto, não é apenas a sua contraparte feminina. Sua maneira de lidar com os inimigos é diferente. Ela quer encarar a pessoa que a fez sofrer. Ela quer perguntar por quê. Ela quer vingança. 

A mulher entra sorrateiramente por uma porta aberta, aproveitando-se da oportunidade. Será a casa de alguém? Ela está atenta ao exterior, preocupada com a possibilidade de ser pega. Veja a ansiedade em seu rosto! O que ela vai fazer lá dentro? Vai cobrar explicações? É uma serviçal despedida que vai reclamar seus direitos? Vai roubar um bebê (a Inimiga está em todas as novelas)? Ela se cobre com o manto e usa um chapéu, como se quisesse disfarçar a sua identidade. Mas ela não sorri. Se não tivesse sido prejudicada, ela não estaria ali tentando prejudicar alguém. Ela foi obrigada pelo destino. Ó, céus!

Essa é uma carta de acerto de contas. Como veremos mais à frente, o Nemico simplesmente quer sacanear alguém que nada fez a ele. A Nemica sofre com o que tem que fazer, mas sabe que não pode deixar barato. Em algumas ocasiões, chegamos a entender perfeitamente o seu ponto de vista. 

Quem assistiu Kill Bill, do Tarantino, sabe do que estou falando. Mexeram com a cria de uma leoa? Terão o que merecem. E nos deliciamos com a carnificina daquela gente má, sem coração, que obedece as ordens mais absurdas. Beatrix Kiddo mata por um motivo maior, não? Primeiro para se vingar do antigo amante, depois para recuperar a filha. Estamos falando aqui de emoções, de facada nas costas, de traição. Não se faz isso com alguém, cara!

Lady Vingança, do sul-coreano Park Chan-Woo, tem motivações similares. A protagonista e o namorado fracassam ao sequestrar uma criança. O namorado escapa, já que ela confessa toda a culpa. Depois de anos presa, ela quer acertar as contas com o traidor, é claro. 

 

No tarô, temos a Rainha de Espadas. Geralmente, representa uma mulher magoada, uma viúva, alguém que foi abandonado ou sobreviveu a uma tragédia e hoje carrega consigo a mania de ferir a todos os que se aproximam, na tentativa de aliviar a própria ferida.
                                                                                                                    
Sempre a imagino grávida de uma sangrenta vingança...


Se o consulente está devendo alguma coisa a alguém, é melhor ficar ligado. Essa pessoa está voltando. O problema é que, muitas vezes, o consulente nem sabe que fez mal a alguém. Talvez nem tenha feito. Mas levou a culpa. Nesse caso, a carta pede cuidado dobrado, pois estamos lidando com a Eterna Vítima. 

A Eterna Vítima nunca faz nada de errado. Ela é obrigada a fazer. O mundo conspira contra ela. Tudo é sempre culpa de alguém, não dela. Pois o que ela faz é por amor, por medo, por ignorância... sempre há uma desculpa. Mas quem pensa que ela tem peninha dos outros? Na hora da caça às bruxas, ela aponta qualquer pessoa pra salvar a própria pele. E como chora, como se faz de coitada!

E como estamos falando em vitimização, pode ser que o consulente não seja o alvo da Nemica, mas a própria. Dependendo das cartas que a rodeiam, é melhor que ele tire o cavalinho da chuva, não tente atrapalhar a vida de ninguém e reveja os seus motivos. Terá sido realmente ofendido por alguém? Precisa mesmo fazer o que acha que deve fazer? As consequências podem ser nefastas, pois a Nemicanem sempre tem a frieza do Ladro para se safar de situações complicadas. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário