Ou Giovine Fanciulla, no baralho Vera Sibilla. Continuemos com as mulheres. E as mais
jovens, agora. Como veremos, as
mulheres não se tornam mais complexas com a idade. Elas nascem
complexas, e as complexidades mudam apenas de natureza com o tempo.
A Giovanetta, Jovenzinha, Moça...
como a chamaremos? Deve ter menos de 20 anos. Ela se veste com
decoro, de acordo com o que lhe foi ensinado por seus abastados pais
e tutores. Sai pouco de casa, exceto para ir para o colégio interno
de moças ou à missa. Ainda não foi apresentada à sociedade, não
frequenta os bailes. Ela passeia pelo jardim de casa enquanto lê um
livro. Um lindo romance, talvez. E sonha com o seu príncipe
encantado. Olha para o futuro, um futuro brilhante. As perspectivas
são as melhores: um casamento, filhos gorduchos, a paz mundial,
talvez uma carreira fabulosa. Pois ela é uma boa moça, tem
disciplina, tentará fazer tudo certo. E quem faz o que é certo é
recompensado, correto?
Sabemos (?) que a vida não é assim
tão cor-de-rosa. Mas a Jovem, não. Não vamos culpá-la: todos nós
passamos por essa fase. É essa inocência, essa confiança no futuro
que nos faz enfrentar o mundo. Sem ela, nem sairíamos da casa dos
nossos pais.
O jardim parece uma fotografia chapada
atrás dela. Não há perspectiva, não há profundidade. E assim ela
vê o mundo: sem sua profundidade, suas nuanças, os insetos
escondidos nas rosas mais bonitas. Tudo é tão claro, tão óbvio!
Por quê as pessoas fazem tanta confusão, se o que é certo é tão
simples? Pois é... a Jovem tem uma receita pra tudo: as coisas se
resolvem com vontade, com amor e com disciplina. Vá dizer a ela que nem
tudo é tão simples assim... ela não acreditará em você, meu
velho! Para ela, ninguém é confiável depois dos 30 anos.
“Não sou jovem o suficiente para
saber tudo” (Oscar Wilde)
A Jovem Mulher mostra uma pessoa
inocente, imatura, sonhadora. Sua postura rígida exala timidez, mas
também pode revelar uma cabecinha dura, que desconfia da corrupção
e descrença dos mais velhos. Eu leio um bocado, então não venha me dizer que não sei nada sobre a vida! É a universitária que entra pro
grêmio estudantil, que vai às ruas para protestar a despeito do
desespero dos pais.
Se a carta representar uma situação,
é aquela em que há imaturidade excessiva. É preciso ter cuidado:
que carta aparece rondando nossa menina? O Amante, com seus galanteios mais
do que manjados, mas que são novos e fatais para ela?
Pelo lado positivo, nos aconselha a
acreditar, nos inspira a velha confiança que tínhamos na juventude.
Esquecemo-nos que essa confiança juvenil na mudança é que salva o
mundo, de tempos em tempos.
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