sábado, 18 de janeiro de 2014

Il Ladro - 10 de Ouros


"A ocasião faz o ladrão" é um dito popular bastante válido para descrevermos a carta de hoje. O Ladrão, acima de tudo, é um oportunista. Ele não se arriscará à toa: ele sobrevive do que rouba, e sua fonte não pode secar. Então, não pensemos nele como alguém que quer fazer o mal a outras pessoas, como o Inimigo: ele o fará apenas para escapar de uma situação limite. Sua intenção é roubar sorrateiramente e sair de fininho, sem que ninguém perceba. Ele também tem um parentesco com a Raposa do Lenormand quanto à sua invisibilidade e ao seu oportunismo. E com os Ratos, porque pode nos desfalcar aos poucos, sem que percebamos.



E não é porque ele não pretende, a princípio, nos causar um mal físico, que não devemos ter cuidado. O roubo de coisas de valor e de energia pode fazer estrago.  No entanto, em certas ocasiões, ele pode levar pra longe algo que deve ser tirado: uma doença, uma mania, um amor não correspondido.

Na imagem da carta, parece-nos que ele não forçou a entrada: viu uma janela aberta, uma sala vazia e se aproximou. No canto da carta vemos um cofre, que aparecerá com destaque na carta Dinheiro.


E quem iria deixar uma sala cheia de dinheiro com a janela aberta, assim? No Brasil, estamos acostumados a nos proteger com alarmes, seguros, blindagens. Mas o Ladro não rouba apenas dinheiro. Muitas vezes nos colocamos em situações vulneráveis sem perceber: quando nos colocamos à disposição de alguém que nos arranca toda a energia (vampiros psíquicos), quando continuamos um relacionamento em que somente a outra parte tem privilégios e não dos dá nada em troca, quando trabalhamos tanto que o salário não compensa ou nos tira tempo precioso para nós e para a nossa família. Quando o Ladro aparece em uma tiragem, alguém ou algo está lhe arrancando algo que deveria pertencer somente a você! Não deixe! Reclame de volta, proteja-se psiquicamente (há livros e sites sobre isso), mande o usurpador para a Cochinchina. 

O arcano também mostra uma situação ou pessoa furtiva. Alguém que está agindo pelas costas. Um fofoqueiro que se aproxima para colher informações, um colega do escritório que repassa dados para outra empresa, o adolescente que tira umas notinhas da carteira do avô para ir ao cinema com os amigos, a mãe divorciada que esconde telefones dos filhos para que eles não conversem com o pai. Essa pessoa pode não estar te prejudicando diretamente, mas tem coisa por trás dessa moita! E também pode mostrar, simplesmente, alguém que está te evitando.


O Sete de Espadas do tarô (aqui, o Motherpeace e o Waite-Smith) mostram uma situação parecida


Vamos relembrar: o Ladro não foi convidado para entrar, não pretende ser visto, quer possuir algo que não lhe pertence, aproveita-se da vulnerabilidade alheia, não se arrisca à toa.

O conselho é: seja discreto, não dê bandeira. 

Ainda assim, temos alguns "ladrões do bem", como Robin Hood e Prometeu. Esses roubam de quem tem muito ou o monopólio de algo para distribuir àqueles que não têm nada. 

"Faz parte dos mitos de transgressão e bênção em que um herói, deus, animal ou mortal inspirado de uma cultura, se move entre as dimensões humana e divina, subverte a autoridade e redistribui a riqueza acumulada." (O Livro dos Símbolos, p. 480)

Esses Ladrões Sagrados trazem a evolução, mudam uma situação estagnada que precisa ir pra frente, frustram o acúmulo indevido de bens, de conhecimento, de poder (e sabemos que acúmulo é energia estagnada, que faz muito mal). Às vezes o consulente é esse herói às avessas, mas outras vezes o consulente é que precisa largar um pouco o osso e ser forçado a compartilhar.  

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