segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Gran Signore - 13 de Copas

A imagem do nosso arcano foi abertamente inspirada no quadro Carlos I da Inglaterra, de van Dyck


O Gran Signore é um aristocrata, faz parte da Nobreza: uma "casta" detentora de terras e privilégios. Ele não precisa trabalhar, pois aqueles que vivem e trabalham em suas terras lhe pagam tributos. Sua ocupação, portanto, é refinar-se: aprofundar um hobby, vestir-se com esmero, exibir seus modos em jantares e festas etc. 

Temos alguns predicados para ele: esnobe, dândi. Não temos aristocracia em nosso país, mas somos uma sociedade bastante hierarquizada. Dessa forma, criamos uma aristocracia em diversas ocasiões. Para termos privilégios, tentamos um "você sabe com quem está falando?", as pessoas são tratadas de forma diferente dependendo de sua roupa, seu carro, do bairro onde mora e até mesmo de sua postura (se for arrogante, impõe respeito). Discutimos, hoje, a polêmica dos rolezinhos, a invasão de shoppings de luxo por jovens da periferia. Há lugares supostamente públicos em que certas pessoas não devam entrar? Implicitamente, sim. Quem nunca se sentiu desconfortável com isso tente entrar numa loja da Chanel de bermuda e havaianas. Exceto se pensarem que é um milionário excêntrico (ou tiver a subjetiva "cara de rico", que no Brasil é branco, de cabelos lisos e louros e tem olhos azuis), você descobrirá, em poucos minutos, que não é benvindo ali.

Nossa tendência é enxergar o Gran Signore negativamente. Uma pessoa que nunca precisou trabalhar, que não sabe produzir riqueza e valor e, portanto, não tem utilidade para a sociedade. Sua vida é ostentar. Hoje, quando os holofotes se voltam para as celebridades, essa seria uma ocupação bastante cobiçada. Sob esse aspecto, o Gran Signore representa uma pessoa que exibe seu smartphone, seu carro, vai a todas as festas. A sua imagem é tudo para ele. Pode ser mesmo uma pessoa famosa da televisão. 

Lembremo-nos de que alguns nobres perderam a sua riqueza, e só lhes restou o título. Da mesma forma, temos pessoas que, mesmo sem o "background da riqueza", sustentam seus narizes empinados e pensam que, por vontade do Destino, são realmente superiores aos outros. Dizem, aqui em Brasília, que certas pessoas não sabem mais abrir uma porta depois de um tempo em certos cargos, pois há uma multidão de pessoas que correrá à sua frente para fazer-lhe o favor. Quem trabalha com "autoridades" sabe o quanto é difícil lidar com elas, principalmente se for visto como "plebeu". Essas pessoas pensam que sua posição lhes dá o direito de ser grosseiras, desrespeitosas. Afinal, os outros são inferiores. 

No entanto, essa carta não pode ser somente negativa. O Gran Signore está tão coberto por sua roupa brilhosa e rodeado por puxa-sacos que fica difícil ver quem ele realmente é. E pode ser alguém que valha a pena conhecer. Portanto, a carta pode indicar que o real valor de uma pessoa está escondido.

Certa vez perguntei às cartas a respeito de um profissional cujos serviços queria contratar. Saiu o Gran Signore, rodeado de cartas positivas. Pensei: "É a nata desse tipo de profissional. Vou contratar". Sim, ele é o melhor no que faz: um grande advogado, o rei do hot dog, o melhor chef de cozinha. Trabalhou muito para isso, e merece o devido reconhecimento. 

O Gran Signore não é só um embrulho. Mas muito cuidado ao abri-lo. 




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