Em inglês, o nome desse arcano é Pleasure-Seekers
(Buscadores de Prazer), que acho um tanto limitado.
Em italiano, I Deliranti, os Delirantes. Mas exploraremos os dois aspectos.
Encontramos uma carta um tanto cheia: três rapazes,
aparentemente bêbados e apoiando-se mutuamente, caminham pelas ruas.
Provavelmente estão cantando ou falando alto. Estarão à janela de alguém
fazendo uma serenata, como o Amante, ou não têm objetivo algum?
Não sabemos se os rapazes são amigos ou se uniram pela
bebida. Nesse momento, são solidários entre si. E corajosos para fazer uma cena
pelas ruas, talvez até para machucar alguém ou algo ainda pior. Além de não
estarem sóbrios, estão em grupo. E sabemos que, em grupo, fazemos coisas que
não faríamos sozinhos. Somos um outro corpo, uma outra entidade. Para o bem e
para o mal.
A carta é cheia, portanto, de emoções voláteis, explosivas. Eles
fazem barulho, recebido como agressão por algumas pessoas. Se
houver uma pessoa-alvo da cantoria, ainda pode deixar essa pessoa um tanto
embaraçada com a situação. Nesse aspecto, representa certa confusão emocional
que torna os Deliranti insensíveis aos outros, aos limites da interação.
Também é o escândalo, o furo jornalístico: algo reservado
que é exposto em praça pública, um segredo espalhado aos quatro ventos, alguém
que “coloca a boca no trombone”: um vídeo escandaloso espalhado pelo Youtube,
fotos íntimas distribuídas na internet, um caso extraconjugal que sai nos
tablóides etc.
É preciso tomar cuidado com decisões súbitas, pois o
consulente pode estar um pouco confuso ou sob influência de outras pessoas. Talvez
o melhor seja esperar um pouco.
Mas nem tudo é sobriedade. Tem hora em que a gente precisa
mesmo relaxar, divertir-se com os amigos. Precisamos de um empurrãozinho para
sair, ou para tomar algumas decisões importantes. A carta fala também sobre
amizade, apoio, diversão. Aqueles momentos leves com as pessoas que amamos e
que levamos pra sempre. A algazarra no trabalho, porque ninguém merece ficar sério
no lugar onde passamos a maior parte do tempo. A algazarra dos tempos de
escola, os trotes telefônicos inofensivos, apertar a campainha do vizinho e
sair correndo. As melhores lembranças, a alegria mais genuína.
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