Uma casa grande com todas as
janelas fechadas. Vemos o seu exterior bem acabado, cuidadosamente pintado e
limpo. Mas o interior é para poucos.
A Casa representa o lar, a
família, a intimidade que protegemos do olhar curioso. E também é o nosso corpo
e nossa mente. Não permite que ladrões e estranhos entrem, demarca limites. É a
nossa aura. Por mais que seja bonita por fora, ninguém sabe como está o
interior. Por fora, bela viola...
Cuidado com as aparências.
Dentro dela há segurança,
conforto, o amor dos outros membros da família. Dentro dela é possível ser você
mesmo, passar o dia de pijama e sem maquiagem. A Casa protege a si mesma, ainda
que coisas escusas aconteçam em seu interior. É o centro vital de permanência e liberdade, de descanso depois do
esforço, de ser totalmente o próprio (1).
Uma família tende a proteger seus
membros e, algumas vezes, esconde os segredos de um deles. Todos temos segredos
de família. Algumas famílias colecionam até mesmo pequenos crimes. Na casa e no lar encontra-se a harmonia
doméstica e a violência doméstica (1). Família não é aquela de sangue, apenas:
é um grupo religioso, uma corporação, os colegas de trabalho. O local de
trabalho é a casa para muita gente, pois é nele que passam a maior parte do seu
tempo. Nem sempre nos associamos por afinidade e escolha, e somos obrigados a
defender os interesses de outros que têm os mesmos interesses que nós. Ninguém corta o próprio braço
se ele não comprometer seriamente a saúde do resto do corpo.
A carta inspira solidez,
tradição. Uma casa pode durar vários séculos, pode ser o baluarte de um período
arquitetônico, de uma era. Indica um período de estabilidade, de segurança.
A casa é uma armadura: um
sobrenome, um cargo, uma máscara. Em paralelo com o Lenormand, ela pode passar
de refúgio a mecanismo de defesa, da Casa (04) à Torre (19).
Novosibirsk Lenormand (fonte)
Quando está em casa negativa,
mostra a insegurança, a falta de um teto, a falta de afeto e aceitação
emocional. É quando o consulente fica sem
chão. É a falta de raízes. O arcano apela ao primeiro chacra, aquele que
nos sustenta e nos segura no mundo físico. Mal posicionado, pede cuidado com a maneira
com que nos relacionamos com o nosso próprio corpo, com a matéria, com a nossa
identidade grupal. Como anda a sua casa? Você negligencia o seu espaço pessoal?
A limpeza, a decoração (tem a sua cara ou a cara dos outros membros da
família)? É só um lugar onde você dorme ou é o seu refúgio?
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(1) Martin, Kakhtleen. O LIVRO DOS SÍMBOLOS: Reflexões sobre imagens arquetípicas. Colonia: Editora Taschen, 2012. p. 556.
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