quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Stanza - Ás de Ouros



Agora entramos na casa e nos deparamos com o cômodo reservado às visitas. Já temos um vislumbre da intimidade da família que habita a casa. Ainda assim, não significa intimidade absoluta. Aqui acontecem alguns dos dramas familiares. Ainda assim, é um espaço híbrido, nem totalmente reservado (como o quarto de dormir), nem exposto (como a varanda, a fachada).

É aquele pedacinho de privacidade que oferecemos a quem queremos que se aproxima. É um espaço mais relaxado, e não a pose da fachada da casa. Há, aqui, uma abertura. Mas não completa.

Em alguns lares, a sala de estar é um espaço pouco frequentado cotidianamente, pois é reservada para ocasiões especiais. Ela é cuidadosamente decorada e limpa. No entanto, outros têm o hábito de passar a maior parte do tempo nesse espaço. É onde fica a TV que reúne a família, é onde todos relaxam e conversam, é um espaço compartilhado com tranquilidade e intimidade. Ali nos sentimos à vontade, protegidos, desarmados. É o nosso ninho.

Aqui se representa o papel familiar: aquele que não é nem o Eu Público, nem o Eu Interior. Dentro da família, nos submetemos a coisas que nos violam, ou que não representam nossas aspirações mais íntimas. A família pode dar suporte, mas também pode constranger. É um poderoso formatador, pois nascemos em seu seio, confiamos nela e por suas lentes enxergamos o mundo até a idade adulta. A proteção excessiva pode nos impedir de viver plenamente, nos impinge preconceitos com os outros e – o que é mais perigoso – com nós mesmos. 

 (fonte)

A Stanza é um espaço, e aparece como tal também nas leituras. Certo dia, tirei três cartas para saber como seria o meu dia. Saiu a Amica, a Stanza e Ammalato.


Na época, eu andava sobrecarregada no trabalho, cuidando de 4 setores com a ajuda de mais um colega. Naquele dia recebemos a notícia de que receberíamos o reforço de uma nova colega (a Amica) para que os Setores, bastante debilitados (Ammalato), pudessem funcionar corretamente. Então ela mudou-se para perto de nós, em uma nova mesa (Stanza): trouxe seus objetos pessoais de decoração, instalou o computador, colocou um difusor de aromas. Arrumou seu novo espacinho. Aqui, a Stanza representa justamente o espaço: uma colega que trouxe o seu espaço consigo.

A carta nos aconselha a parar um pouco, meditar. Sugere uma pausa, um descanso, um cochilo na rede. É uma carta de cura. Dependendo da situação, é hora de fechar-se, calar-se e olhar para si. A Stanza nos isola do barulho do tráfego, da poluição. A Casa, como arcano de Copas, fala das nossas relações com o mundo. A Stanza, como carta de Ouros, fala de nós mesmos, do nosso enraizamento.

A Stanza é um espaço sagrado, pois nela só pode entrar as energias que convidamos. É preciso mantê-la saudável, sem sujeira, sem vibrações densas e obstáculos. É nela que nos recuperamos diariamente, é ali que nos fechamos por alguns minutos para respirar profundamente e encontrar o nosso centro.

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