terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Imeneo - Ás de Paus


Imeneo e sua imagem inspiradora: O Casamento da Virgem, de Rafael Sanzio

Ah, o amor! A visão de um casamento já nos enleva, nos faz sonhar com uma vida feliz ao lado da pessoa que amamos. O Imeneo deve ser o arcano mais romântico da Sibila. Certo?

Errado. Temos uma carta para o Amor. A gente não sente amor só pelo outro, mas pelo nosso trabalho, por nós mesmos, pelo mundo. Logo, partiremos do princípio de que Amor e Casamento podem conviver, mas não são a mesma coisa. No nível terreno, é um contrato entre duas pessoas. As cartas do tarô que indicam união, a casa de Libra no mapa astral falam não só em casamentos, mas em parcerias. Hoje, a União Estável é uma realidade: a comprovação (por documento emitido em cartório, inclusive) de que duas pessoas têm uma vida em comum - ainda que não tenham se casado no papel - dá aos companheiros os mesmos direitos que aqueles que são casados entre si têm. Além disso, as parcerias também são feitas no âmbito dos negócios, do trabalho. Temos amigos e parentes, mas nem todos são parceiros: o parceiro é o Par, a nossa outra metade em diversos campos. É um profundo comprometimento. 

A carta também fala em contratos, acordos: vemos, na imagem, um homem e uma mulher ligados pelo sacerdote, que celebra e testemunha o acordo. As insígnias portadas pelo homem indicam a sua posição social: o Casamento é um ato social, público. Não são apenas duas pessoas que se unem, mas todo o seu background: nomes, famílias, fortunas, culturas. Um contrato exige que cada parte ceda algo para receber vantagens em troca. Oferece ganhos, mas impõe restrições.

Em uma casa negativa, essa carta mostra situações de falso comprometimento, de divórcios ou separações judiciais, quebras de contrato. Além disso, como o Casamento é um ato público, negativamente pode representar negócios escusos, contratos escondidos, diplomacia secreta.

O Imeneo é o Ás de Paus, o início de um empreendimento espiritual. O Casamento Sagrado (Hieros Gamos) entre o Deus e a Deusa. A carta do La Vera Sibilla (que resenharei em breve) é mais clara a esse respeito. Dizem os ocultistas e os junguianos que, para sermos completos, devemos unir nosso lado feminino e nosso lado masculino. Precisamos ser homens E mulheres, espiritualmente, pois precisamos das qualidades de ambas as essências. Essa busca pelo nosso outro lado geralmente mistura-se à nossa busca por um parceiro. Procuramos no outro, no Príncipe Encantado ou na Princesa Encantada, aquela parte que está escondida dentro de nós. Geralmente essa parte escondida transforma-se na nossa sombra, e é muito comum projetar em nossos parceiros a nossa sombra: daí surgem tantos conflitos nos relacionamentos.

A escolha de parceiros (ou aquela sina de "sempre escolher o mesmo tipo de homem/mulher", o "dedo podre" para parceiros) é um rastro seguro que leva a nós mesmos. Se caímos sempre com os mesmos tipos problemáticos, esse "azar" refere-se mais à nossa Alma do que ao Outro. O que precisamos resolver/aceitar dentro de nós? O que nos irrita no Outro é realmente uma característica dele(a) ou é uma projeção de um lado sombrio de nós mesmos?

Os relacionamentos, portanto, são uma grande oportunidade de crescimento pessoal. Não vamos acertar na primeira vez. Alguns preferem simplesmente não enfrentar isso e viver sozinhos. Sua busca pela Metade deverá trilhar outros atalhos. 




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