sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Presente - 3 de Ouros



Conhecido como Dono/Presente/Omaggio di Pietre Preziose. Uma caixa de jóias preciosas brilhantes é oferecida em cima de uma mesa. As cartas vizinhas podem mostrar quem envia o presente, que pode ser tanto uma pessoa como uma abstração (a vida, o universo). O presente também sugere uma ocasião especial: um pedido de casamento, uma data festiva.

É algo que se oferece. Parece-nos algo bom. O presente brilha, ofusca nossa visão. Será que são jóias de verdade ou é ouro de tolo? Será que é uma armadilha? Pois mais que nossa noção de “presente” seja a de oferecimento desprendido, sabemos que todo presente exige outro em troca. Presenteamos aqueles que amamos para reforçar os laços de amor, para que o outro reconheça que merecemos a continuidade da relação afetiva. E também se presenteia por interesse: para garantir tratamento especial de um conhecido, do chefe, pro professor. Dependendo da posição de alguém, é prudente recusar presentes, sob o risco de ser acusado de corrupção, de “troca de favores”.

Logo, um presente tem muitas intenções por trás dele, e devemos ficar atentos a essas intenções. O brilho das jóias nos enfeitiça e nos distrai da percepção dessas intenções. Cuidado!

O arcano remete-nos a Erzulie, deusa haitiana do luxo, sempre carregada de jóias e tecidos finos. Ela nos diz: permita-se mergulhar em seus desejos! Erzulie tem três maridos, dança maravilhosamente. É ela quem dá as cartas, que decide o que quer e como quer. É o poder feminino em seu máximo esplendor, a mulher que nutre a si mesma antes de nutrir os outros e ficar com as sobras. 

Aqui tem uma porção de lindas imagens da deusa

São os excessos da vida: prazeres sensuais, gastos, abundância, glamour, exibicionismo. A beleza excitante de um vestido novo, de um sapato vermelho. Acusem-me de consumismo e superficialidade, mas não é uma delícia comprar um objeto de desejo? Não ilumina o nosso dia? Não muda o humor e nos faz enxergar o céu mais azul, a grama mais verde?

É claro que esse prazer pode se tornar viciante, e pode deixar alguém mergulhado em dívidas. Por isso devemos nos lembrar que os objetos são feitos para nos enfeitar, para refletir melhor o nosso brilho. Eles não têm o brilho em si, eles não têm poder em si. Nós somos a fonte do poder.

Em algum momento da nossa vida também temos que aprender a aceitar os presentes que a vida nos dá. Muitos de nós acredita que não há recompensa sem trabalho. Quando recebemos um presente, atingimos o sucesso ou alcançamos a estabilidade, ficamos desconfiados. Com medo de aproveitar, sentindo-nos culpados por aqueles (às vezes familiares) que não conseguiram. Não desfrutamos. Como aquela senhorinha que adora ganhar sabonetinhos de todos os tipos e recebe uma coleção deles de seus netos: mas não usa nenhum, com medo de gastar seus mimos preciosos.

Resumindo: a carta do Presente nos alerta para um futuro oferecimento. Devemos prestar atenção nas intenções de quem presenteia, para não cairmos numa armadilha e sermos obrigados a retribuir com algo que nos deixará aleijados. Mas também nos aconselha a aceitarmos os presentes da vida e aqueles que nós mesmos merecemos nos dar. O sol é de graça, o ar é de graça, a brisa é de graça. Basta aceitar.

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