Conhecido como Dono/Presente/Omaggio di Pietre Preziose. Uma caixa de jóias preciosas
brilhantes é oferecida em cima de uma mesa. As cartas vizinhas podem mostrar
quem envia o presente, que pode ser tanto uma pessoa como uma abstração (a
vida, o universo). O presente também sugere uma ocasião especial: um pedido de
casamento, uma data festiva.
É algo que se oferece. Parece-nos
algo bom. O presente brilha, ofusca nossa visão. Será que são jóias de verdade
ou é ouro de tolo? Será que é uma armadilha? Pois mais que nossa noção de
“presente” seja a de oferecimento desprendido, sabemos que todo presente exige
outro em troca. Presenteamos aqueles que amamos para reforçar os laços de amor,
para que o outro reconheça que merecemos a continuidade da relação afetiva. E
também se presenteia por interesse: para garantir tratamento especial de um
conhecido, do chefe, pro professor. Dependendo da posição de alguém, é prudente
recusar presentes, sob o risco de ser acusado de corrupção, de “troca de
favores”.
Logo, um presente tem muitas
intenções por trás dele, e devemos ficar atentos a essas intenções. O brilho
das jóias nos enfeitiça e nos distrai da percepção dessas intenções. Cuidado!
O arcano remete-nos a Erzulie,
deusa haitiana do luxo, sempre carregada de jóias e tecidos finos. Ela nos diz:
permita-se mergulhar em seus desejos!
Erzulie tem três maridos, dança maravilhosamente. É ela quem dá as cartas, que
decide o que quer e como quer. É o poder feminino em seu máximo esplendor, a
mulher que nutre a si mesma antes de nutrir os outros e ficar com as sobras.
Aqui tem uma porção de lindas imagens da deusa
São os excessos da vida: prazeres
sensuais, gastos, abundância, glamour, exibicionismo. A beleza excitante de um
vestido novo, de um sapato vermelho. Acusem-me de consumismo e
superficialidade, mas não é uma delícia comprar um objeto de desejo? Não
ilumina o nosso dia? Não muda o humor e nos faz enxergar o céu mais azul, a
grama mais verde?
É claro que esse prazer pode se
tornar viciante, e pode deixar alguém mergulhado em dívidas. Por isso devemos
nos lembrar que os objetos são feitos para nos enfeitar, para refletir melhor o
nosso brilho. Eles não têm o brilho em si, eles não têm poder em si. Nós somos
a fonte do poder.
Em algum momento da nossa vida também temos que aprender a aceitar os presentes que a vida nos dá. Muitos de nós acredita que não há recompensa sem trabalho. Quando recebemos um presente, atingimos o sucesso ou alcançamos a estabilidade, ficamos desconfiados. Com medo de aproveitar, sentindo-nos culpados por aqueles (às vezes familiares) que não conseguiram. Não desfrutamos. Como aquela senhorinha que adora ganhar sabonetinhos de todos os tipos e recebe uma coleção deles de seus netos: mas não usa nenhum, com medo de gastar seus mimos preciosos.
Em algum momento da nossa vida também temos que aprender a aceitar os presentes que a vida nos dá. Muitos de nós acredita que não há recompensa sem trabalho. Quando recebemos um presente, atingimos o sucesso ou alcançamos a estabilidade, ficamos desconfiados. Com medo de aproveitar, sentindo-nos culpados por aqueles (às vezes familiares) que não conseguiram. Não desfrutamos. Como aquela senhorinha que adora ganhar sabonetinhos de todos os tipos e recebe uma coleção deles de seus netos: mas não usa nenhum, com medo de gastar seus mimos preciosos.
Resumindo: a carta do Presente
nos alerta para um futuro oferecimento. Devemos prestar atenção nas intenções
de quem presenteia, para não cairmos numa armadilha e sermos obrigados a
retribuir com algo que nos deixará aleijados. Mas também nos aconselha a
aceitarmos os presentes da vida e aqueles que nós mesmos merecemos nos dar. O
sol é de graça, o ar é de graça, a brisa é de graça. Basta aceitar.
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