domingo, 20 de abril de 2014

Superbia - 2 de Paus

                                             
O Pavão é um símbolo comum e de fácil compreensão: suas belas penas concentram a atenção de quem olha e enfeitiçam. São penas coloridas, vistosas, espetaculares como uma fantasia luxuosa de carnaval. O Pavão simboliza a ostentação, o luxo desnecessário mas que enche os olhos. 

Fico imaginando se aquela plumagem toda não incomoda o Pavão, que tem que levá-la para todo canto. Não sei se é pesada para ele. Mas o esforço vale a pena, já que todos o admiram. Ele é um dos mais belos animais e ofusca qualquer outro que esteja ao seu lado. 

Hoje a aparência tem grande valor: não só faz com que nós sintamos bem em meio aos outros, mas é essencial para a nossa sobrevivência, para manter ou arrumar um emprego. Nem sempre corresponde à verdade, mas num mundo de contatos rápidos e vãos, mais vale a primeira impressão. E a primeira impressão é a grande especialidade do nosso Pavão. 

Além disso, ele é o animal do mistério. Porque usa de tantos artifícios para sua aparência que esconde suas fraquezas, talvez o seu mau humor, seu pensamento lento e entediante, suas patas feiosas. Quem realmente conhece o Pavão? Quem sabe quais são os seus sonhos e pesadelos? Por isso, essa é a carta das aparências em todos os sentidos: aquelas que entretém com sua beleza e aquelas que escondem a essência. 

Quando o arcano aparece numa tiragem, é preciso atentar-se para o que há além das aparências, pois a situação ou a pessoa representada não está se mostrando de forma clara. Não que haja uma tentativa de enganar com uma falsa fachada (exceto se cartas como Nemica ou Falsità lhe fizerem companhia), mas o que é realmente importante está escondido.

Essa é também a carta do luxo. Como carta do dia, pode aconselhar o Consulente a enfeitar-se, a brilhar. O luxo, em certa medida, faz bem e traz alegrias. Porém, numa casa negativa, pode alertar para o exagero, o apego às aparências como muleta para uma existência vazia, o consumismo exagerado de coisas supérfluas, o exibicionismo tolo.

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